sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Dra.

Esses dias eu andava pensando sobre minhas espectativas, idéias e divagações que eu tinha quando era menor sobre o meu futuro. Por exemplo, quando eu era bem pequena eu disse a meus pais que, quando crescesse, seria Pintora de Parede... para total desconsolo da dupla. Eles me disseram, "Pintora de parede!?! *tom absolutamente reprovador* E tu vai ganhar dinheiro!? Vai morrer de fome menina! A gente paga escola e VÊ *estilo olha-só-que-caso-perdido*". Mas eu nem os ouvia, pois, seguia com afinco a lógica mor de que: há tantas paredes no mundo pra se pintar, que nunca me faltaria trabalho, e se eu trabalhasse sempre, nunca me faltaria dinheiro, e assim, seria rica. MEU, por que ninguém havia pensado nisso antes?! Pois é, naquela época eu não entendia nada de baixa remuneração e concorrência do mercado (e achava que uma casa custava a absurda quantia de R$1000,00).
Numa época próxima a de cima eu pensei certa vez que nunca chegaria aos 15 anos. Porque 15 anos era, pra mim, uma idade muito avançada, e que eu nunca poderia deixar de ser criança, porque era o que eu mais gostava de ser na vida, e não era justo que eu tivesse que crescer. E se não era justo, não seria.
Outra idéia que tive do meu futuro, totalmente contrária à da minha infância de trabalhar duro, veio do desejo de independência (e de uma vida-estilo-meu-seriado-favorito) do inicio da pré-adolescência: eu estava decidida que, assim que completasse 18 anos, eu compraria um cavalo, um cachorro, colocaria uma mochila nas costas, pegaria um mapa, apontaria um lugar aleatoriamente e seguiria pra lá. E assim seria minha vida. Eu conheceria o mundo, conheceria nações e povos, línguas, pessoas, lugares; viveria experiências incríveis e, quando ficasse mais velha, lá pros 30 anos, escolheria um lugar para morar, começaria uma vida fixa do zero e contaria minhas aventuras a todos que quisessem ouvir, até a minha morte. Bom, até onde eu lembro, não havia nenhuma nota sobre como conseguir dinheiro pros mantimentos básicos, nem sobre vistos para entrar em outros países, nem sobre como se defender de ladrões, estrupadores, sequestradores, torturadores, terroristas, kamikazes, etc; nem sobre como embarcar, provavelmente clandestinamente, num navio/avião para a África com um cavalo. Mas isso nem passava pela minha cabeça, a grande questão era: que raça de cavalo eu escolho?
Além disso já quis ser: atriz, pintora (artista), guerreira medieval, médica, andarilha, veterinária, supersayajin, fazendeira, peão, professora de primário, cantora, mestre pokemon, nadadora profissional, advogada, "professora" de esportes radicais, paraquedista, dona do shopping center, power ranger, diretora de cinema, piloto de avião, marechal do exército brasileiro, espiã, bióloga, assaltante profissional, policial, jornalista, bacharel em história, pianista, arqueóloga, legista e escritora. Até onde eu consigo lembrar.
Daí que depois de pensar nisso tuudo, eu me pergunto: o que diabos faço eu no curso de fisioterapia? Tá, eu me formo e faço especialização em equoterapia... E? Cabô? Nem é uma profissão tão bem paga assim. Claro, que eu teria a clínica da minha mãe pra tocar, e a idéia de um emprego autônomo, bem remunerado, garantido e ainda com suporte não é tão abominável assim. Mas a questão é que, sei lá, eu não faço a menor idéia do mundo em que vivo, não entendo nada de transações comerciais, grandes negócios, investimentos, política, táticas sociais, comando de equipe; enfim, quase nada. Só sei que gosto de andar à cavalo, e cavalgar me faz sentir tão bem quanto nunca estive; e gosto de bicho, e de verde, e da terra; gosto de correr e me sujar, de cuidar, de ajudar, aprender; nem tanto assim de conversar, mas muito de estar perto. Só sei que um pedaço de mim seria arrancado e jogado fora se eu me visse indo diariamente para uma sala e passando no mínimo 8 horas lá dentro por dia. Talvez eu simplesmente não tenha nascido para grandes feitos afinal, mas isso não me aflinge. No momento, eu quero me tornar uma veterinária (de animais de grande porte). Posso acreditar na lógica das pinturas de parede e trabalhar duro e ter dinheiro, ter um eterno espírito infantil e ainda viver vagando de um canto a outro, como talvez exija minha profissão. Se isso me trará uma boa condição de vida, não sei; mas, se tudo der certo, eu posso ter a vida que sempre quis (embora sem meu pokemon) e eu jamais teria essa chance se fosse por um caminho oposto. Sabe como é [MODO AUTO AJUDA ON] Voce perde 100% dos tiros que nunca dá[/off]. Eu não sei viver, e isso é fato. Simplesmente faço e digo coisas aleatórias sem nenhum propósito. Mas ISSO, eu quero muito.

[ENEM 'TAMO AÍ! (bolas, não fiz fernandinho! /comofas)]